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CPI do Mensalao - Depoimentos

Trechos do depoimento do araponga Jairo Martins de Souza RETORNA

O depoimento de Jairo

Trechos do depoimento de Jairo Martins de Souza à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios em 5 de julho de 2005 (íntegra do relatório):

(...) O episódio da minha participação nesse fato se dá no momento em que tomo conhecimento de que o empresário Arthur Wascheck estava com algum tipo de problema nos Correios, que eu não sabia qual era e que ele queria divulgar.

A partir de então, faço contato com a revista Veja e coloco para a revista Veja que um empresário tem interesse em divulgar uma matéria porque estaria passando por problemas nos Correios. De imediato, o jornalista da revista Veja me informa que, se fosse um fato de interesse jornalístico, ele participaria da referida matéria, o que foi feito.

(...) Em todo momento em que havia contato entre essas pessoas que estariam realizando essa gravação e o Sr. Maurício Marinho, a revista Veja teve conhecimento do fato. Quando as gravações já estavam prontas, realizadas – essa gravação que veio à tona na revista Veja -, eu entreguei uma cópia ao Sr. Arthur Wascheck e entreguei uma cópia ao jornalista da revista VEJA.

Assisti à fita com o jornalista da revista Veja no carro dele, no parque da cidade, em Brasília, momento em que tomamos conhecimento de que o Sr. Maurício Marinho havia recebido os três mil e que realmente aquilo que estava naquela fita deveria ser publicado, deveria ser divulgado, para que o Brasil tomasse conhecimento daquele fato.

Minha participação se dá, nesse episódio, dessa maneira. Todo tempo que entrei nesse episódio eu tinha a consciência de que a minha participação se daria na facilidade de divulgar tal fato, o que foi feito. Todo momento o empresário Arthur Wascheck colocou para mim que queria a divulgação de tal fato, que queria a divulgação do que estava ocorrendo nos Correios.

(...) Quero dizer que meu último contato com o Arthur Wascheck se deu no Setor Comercial Sul, num restaurante, se não me engano no início de maio, quando conversamos a respeito da divulgação, momento em que ele concordou comigo com a divulgação e seguiu seu caminho e eu, o meu, que foi o de autorizar a revista Veja a publicar tal fato. Minha participação se deu dessa maneira nesse episódio.

RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – (...) V. Sª insiste em dizer, e aí contraria o depoimento prestado aqui pelo comerciante Arthur Wascheck, de que ele, o tempo todo, fez questão de que a gravação não fosse utilizada, a não ser internamente nos Correios, inclusive dizendo que a intenção era entregar a fita ao Diretor Antônio Osório. (...)

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Insisto. Insisto. Meu contato com ele foi sempre nesse caminho. Por esse motivo, trouxe a revista Veja para dentro do assunto. Insisto nesse assunto.

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – (...) A pergunta é: em que circunstâncias e como V. Sª explica essa extraordinária coincidência de alguém que tenha todo esse trabalho precedente voltado a esse tipo de investigação – que V. Sª diz ser investigação jornalística – coincidir que, num bar, encontra com o Sr. Arthur Wascheck?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, eu só gostaria, se me permitem, de fazer somente uma corrreção de arapongagem. Não é arapongagem não. Eu fui um agente de operações de Inteligência durante nove anos. Fui sim. Porém, tem quatro anos que eu já não estou na atividade de Inteligência. Busquei uma faculdade, estudei, paguei caro, me formei e não desempenho mais atividade de arapongagem. O que me move – entendeu? – é o interesse jornalístico.

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª, atualmente, presta que serviços, sobrevive do quê?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Atualmente, eu sobrevivo de uma empresa que eu tenho, junto com meu pai, que é de monitoramento de alarme. Em 2004, eu faço uma alteração para poder atuar na área de comunicação, alteração essa que está aqui, que vai ser juntada, a alteração da empresa. Vai ser juntada também a minha mensalidade paga no Sindicato dos Jornalistas e vão ser juntados os documentos que comprovam onde eu me formei em Jornalismo.

(...)O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª conhece Casser Bittar?

(...) Eu o conheço através de... Ele mexe com negócio de construção, sim.

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Ele tem algum parentesco com o Cachoeira?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não sei informar. Sei que o conheço de uma construtora. Ele mexe com negócio de construtora, e de vez em quando eu coto para ele câmeras, coisas de alarme, câmeras de vídeo, esse tipo de coisa.

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Foi ele que apresentou a V. Sª o Arthur Wascheck?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Acho que foi ele sim. É, foi ele sim. Ele estava nessa mesa sim.

(...) O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – E com o Arthur Wascheck? Ele comentou sobre esquemas nos Correios?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, em momento algum. No início, ele só falou que tinha um problema e que queria divulgar, e eu providenciei os equipamentos para divulgação. Não me informou que tipo de problema.

(...) O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – A que horas V. Sª entregou a maleta para gravação ao Joel, no dia em que ela se procedeu, no dia 12 de abril passado?

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Agora, uma opinião, já V. Sª não está como testemunha. V. Sª não acha estranho que alguém que tenha participado da gravação do caso do André Luís, que alguém que tenha participado... V. Sª nega, mas, enfim, fez referência, na Polícia, ao caso Santoro, têm-se informações – e que aí V. Sª também disse que não tem ligações com o caso do Waldomiro Diniz, mas acaba de reconhecer que é amigo e conhecido do genro. Esse que V. Sª diz não conhecer o parentesco é o genro do Cachoeirinha, o Bittar, que deveria ser ouvido hoje, o Cássio Bittar, que é o genro do Cachoeirinha. V. Sª não acha coincidência demais, uma pessoa que faz jornalismo investigativo, ocasionalmente, se encontrar num bar, encontrar com uma pessoa que não conhecia e que, imediatamente, é contratado, ou pelo menos contatado para proceder a uma investigação? A história que nós temos é que V. Sª se encontrou num bar, ocasionalmente, com alguém que tinha atrito com os Correios e que essa pessoa buscou o seu trabalho indicado pelo genro do Cachoeirinha. É uma coincidência da vida encontrar num bar em Brasília com essas pessoas?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, eu só quero informar para V. Exª que desconheço esse caso de o Cássio ser genro do Cachoeirinha, até mesmo porque conheço o Sr. Carlos Ramos e ele tem dois filhos pequenos. Então, desconheço tal fato. A coincidência se dá, realmente. Estava num bar, ele me chamou, se deu a coincidência, e essa coincidência se deu sim, e reafirmo que a história começou dessa maneira.

A proposta de matéria jornalística

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Quando V. Sª prestou depoimento na Delegacia de Polícia Federal, fez referência a que Arthur perguntou ao declarante se esses fatos dariam uma matéria jornalística. Que fatos Arthur relatou a V. Sª, que V. Sª entendeu que dariam uma matéria jornalística?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A questão de ter dificuldades nos Correios, de ter dificuldades em participar da licitação.

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Mas só o fato de alguém dizer que tem dificuldades em participar de uma licitação daria uma matéria jornalística? Que dificuldades eram essas?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, eu informo para ele que, se tivesse algum problema, que desse matéria jornalística, seria importante. Isso no primeiro contato.

(...) O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª participa de uma atividade como essa, que exige de certo modo até risco, enfim, para não receber nada!? Qual a intenção verdadeira?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A maleta. A maleta é...

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Vender uma maleta?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, receber a maleta. Eu queria a maleta pra mim.

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Receber a gravação?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, Excelência, a maleta. Eu queria receber a maleta. Como ele disse pra mim que ele só tinha esse interesse, eu solicitei a maleta pra mim. A minha consultoria pra ele seria o equipamento. O equipamento passaria a ser meu.

(...) O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª assistiu à fita onde e com quem?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu assisti à fita com o jornalista da revista Veja, num míni DVD que ele tem. Assisti com ele. Acho que foi no Parque da Cidade, dentro do carro dele.

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª tinha algum objetivo específico nessa repetida intenção de manter contato com a revista e levar a gravação ao Policarpo, ao jornalista...?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Com o objetivo específico?

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – É.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Nesse fato?

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – O que o movia? Ao invés de levar essa gravação a alguma autoridade para que tomasse alguma providência, ao invés disso, a primeira coisa imediatamente foi levar à imprensa.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Excelência, isso aí é um ato contínuo, a notícia crime, que foi dada pela revista Veja e que disponibilizou integralmente a fita na internet. No dia seguinte, as autoridades já tomariam conhecimento, a fita já estaria à disposição das autoridades e, então, o procedimento seria esse que está acontecendo agora.

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Mas V. Sª há de convir que quando nós atuamos, sempre temos uma razão de ser, um objetivo, um móvel que nos faz agir. E V. Sª disse que gravou sem pretensão nenhuma, a não ser receber – e ainda há divergência a propósito de ter recebido aluguel ou o valor da maleta. Portanto, V. Sª se diz tão desinteressado e, ao mesmo tempo, a primeira preocupação que tem é levar à revista. Pergunto: V. Sª não recebeu nada da revista? Qual a vantagem pessoal, perdoe-me a expressão, de V. Sª em ter participado desse evento?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A minha vantagem pessoal? O que me move?

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Exato.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – O que me move é o meu País, é ver a melhora do meu País, é ver a melhora do Brasil. Quando tomei conhecimento do que estava acontecendo, independente de autorização ou alguma coisa, claro que eu levaria isso a...

O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – As outras gravações que V. Sª fez e se reportou também eram por interesse público e não recebeu nada? Era o interesse do País?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Também, também. As outras duas, também.

(...) O senhor disse aqui que participou de gravações no caso do Maurício Marinho... qual mais?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Deputado André Luiz.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Deputado André Luiz.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – E o Deputado Estadual Alessandro Calazans, do Rio de Janeiro.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Calazans.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Sim, senhora.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Nos 3 casos, quanto é que o senhor recebeu por cada uma dessas gravações, desse serviço?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – No dois primeiros casos, não recebi nada, foi um amigo meu que me convidou, que me relatou a história e, no segundo caso, eu recebi a maleta.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Mas o senhor é... Porque veja bem, o Casser Bittar foi quem apresentou o senhor, o Casser Bittar, o parente do Cachoeira, né?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É disso aqui que é genro?

(...) A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Tudo bem. Aí, o senhor levado também a fazer as gravações do André Luiz e do Calazans pelo empresário...

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Alexandre Chaves.

(...) A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Ah! Então, a fama é ampla, geral e irrestrita. Mas o senhor disse aqui que fez isso pelo interesse da Nação e como jornalista investigativo. O senhor disse aqui também que fez isto combinado com o Jornalista Policarpo. O senhor confirma?

(...) O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu disse que todo o momento eu fui acompanhado pela revista. Quando eu tomo conhecimento de um fato desse que é para ser divulgado, eu não tenho veículo, Senadora, eu tenho que trazer um veículo. Eu trouxe a quinta maior revista maior revista do mundo para dentro do assunto.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Para dentro assunto.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O Senhor fez isso no caso do Maurício Marinho?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Perfeitamente.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Fez isso, no caso do André Luiz?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Perfeitamente.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Fez isso, no caso do Calazans?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Perfeitamente.

A SRª IDELI SALVATTI(PT – SC) – Então, o senhor é uma espécie de funcionário da revista Veja para arapongagem?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhora.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Mas é muito coincidência três episódios nos três o senhor é quem faz as gravações que dão a...Então, eu quero saber. Tem vínculo direto ou indireto com a revista Veja?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não tem vínculo.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E quanto é que o Policarpo Quaresma lhe paga para fazer esse serviço para ele?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, não paga nada.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Não paga nada. Só de bondade, só de amor à Pátria.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É um amigo meu.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Amigo. O senhor tem muitas amizades, não é, senhor Jairo? Bastante amizade. Mas amizades que provocam determinados serviços que têm interesses econômicos, empresariais e de corrupção e de crime organizado, como é, no caso lá do André Luiz e do Calazans, isso tudo por amizade, faixa, só faixa.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, os meus amigos me convidam, aguçam a minha...

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Aguçam a sua cobiça.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, aguçam a minha intenção de ajudar, a minha intenção jornalística, a minha intenção de prestar um serviço, eu vou e faço.

(...) A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Aí o que que o senhor diz para o Policarpo?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Que tem uma pessoa que está querendo denunciar algumas irregularidades que estariam acontecendo nos Correios.

(..) A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E entregou (as fitas) para quem?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Entreguei para o Arthur Wascheck.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Entregou para o Arthur Wascheck? Por que o senhor não entregou essa fita para o Policarpo?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu iria entregar depois da autorização dele, eu queria que ele fosse o denunciante. Não entreguei essa fita.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Então, o senhor entregou a primeira fita só para o Arthur, não entregou para o Policarpo Quaresma – troquei o sobrenome, por causa do personagem do Machado, vá lá...

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Júnior.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Mas, então, a segunda, a primeira fita que deu certo o Policarpo não ouviu? O Arthur Wascheck é quem teria que dar a autorização para?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu queria que ele, como empresário, que queria denunciar o fato, fosse até o jornalista, relatasse o fato, queria que acontecesse isso. Eu queria que acontecesse isso.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E a terceira?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A segunda, não é?

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – A terceira aqui, deu certo, a segunda, aí qual é a cronologia disso?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Aí eu entrego uma para ele e entrego uma para o jornalista, uma para o Wascheck e outra para o jornalista.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E o senhor entrega para o jornalista primeiro?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, entrego para o Wascheck, depois para o jornalista.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E o Wascheck lhe dá autorização para entregar para o jornalista?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Tínhamos já combinado que isso seria divulgado, então não seria preciso...

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Já tinha essa combinação.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Já, desde o início.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Então, nem precisava a autorização?

(...) A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Quando o senhor ouviu, junto com o jornalista a última vez, por que teve o ok! neste caso, vai publicar.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Isso aí foi passado um tempo.

A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Já um tempo?

(...) O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Há quanto tempo o senhor conhece o jornalista Policarpo Júnior, que não é o Policarpo e Quaresma do Triste Fim, a que se referiu a Senadora Ideli Salvatti?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Conheço o Policarpo ...

(...) O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu o conheci quando do episódio da matéria do Deputado André Luiz, quando conheci o jornalista Policarpo Júnior.

O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Quando foi?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ano passado. Tem um ano e pouco.

(...) O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – E, pela sua experiência, o senhor acha que é razoável que alguém contrate um araponga, um profissional para fazer filmagem clandestina e direcione, alegando que é apenas uma briga comercial, interesse contrariado, e direcione a filmagem, através das perguntas formuladas, para uma área completamente diversa daquela, objeto da disputa comercial?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, aí é uma pergunta que eu não tenho...

(...) O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – O senhor não acha estranho, por exemplo, que o Sr. Arthur Waschek, que é empresário ligado à área de compras, procurar direcionar na arapongagem por ele encomendada as perguntas para a área de informática?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não tenho como responder, excelência, a minha questão foi só técnica, produzir o equipamento.

(...) O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – a que o senhor atribui a realização de uma terceira filmagem, uma terceira reunião e, portanto, a segunda filmagem que prestou, se o próprio jornalista Policarpo Júnior já tinha lhe dito que os fatos contidos na segunda gravação eram graves, por que é que se tentou ainda uma terceira, e nessa terceira houve um desvio do foco, passou a ser o da informática? O senhor atribui isso a quê?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não sei, Exª.

O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Mas o senhor me disse que conversou com o jornalista Policarpo.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Sim, mas a questão da outra gravação é a questão do empresário Arthur. Aí eu não sei, não tenho como falar para o senhor o que é que ele queria. Não sei.

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Sr. Presidente, gostaria de inicialmente indagar ao depoente, porque ele disse aqui que o Policarpo ele considera como amigo seu, depois de algumas atividades em conjunto. Ele é seu amigo realmente?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ficou um amigo meu.

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Ele é um jornalista sério a seu ver?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Com certeza absoluta.

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor põe a mão no fogo pelo Policarpo?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ele é um jornalista sério.

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Como foi o primeiro contato que o senhor teve com ele? O senhor o procurou para falar o quê?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Procurei para falar que tinha um empresário que estava se queixando de alguns problemas nos Correios e que poderia vir a ter uma matéria jornalística.

(...) O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Isso foi feito antes da gravação da fita?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Antes da gravação da fita.

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Pois é, se o senhor confia no Policarpo – é o que o senhor disse -, então, o senhor está mentindo. O Policarpo fala exatamente o contrário do senhor na Polícia. Quer ver? (Pausa.)

Então, eu acho que alguém mente. Ou o senhor ou o Policarpo. O senhor disse que o Policarpo fala a verdade. Então, o senhor está mentindo.

Veja aqui: "José Policarpo de Souza que, no final do mês de março do corrente ano, foi procurado por uma fonte que narrou uma história envolvendo um suposto esquema de desvio de dinheiro público dos Correios para o PTB." Coisa que o senhor disse que não falou. "Que, após narrar superficialmente o suposto esquema, a fonte indagou ao depoente se o mesmo tinha interesse jornalístico na história, tendo respondido que sim. Que perguntou à fonte se havia algum elemento para embasar as denúncias, o que foi respondido que realmente havia provas". Ou seja, no primeiro contato, o senhor já falou que havia provas. "Mas sem entrar em detalhes. Que, dias depois, foi feito um novo contato com a fonte, sendo que, nesta oportunidade, lhe foi mostrado um trecho da gravação de áudio". Veja que o senhor mostrou para o Sr. Policarpo uma gravação de áudio, dias depois desse primeiro contato, ainda no mês de março. É o que diz o Sr. Policarpo.

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Áudio e vídeo.

O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor mostrou, então?

O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Esse encontro, em que eu relato esse fato, era quando eu já tinha tomado conhecimento do fato.